Usina F. C.

Este final de semana estou em Santos, SP, a terra do “sol paulista”. Ontem, no dia do Clássico das Emoções, estava tomando umas cervas com meu amigo Fred no Guarujá. Estava vestindo a camisa da Volt do Santa Cruz. Quando fomos pegar o carro dele no estacionamento, o cara que toma conta do lugar arregalou os olhos assim que me viu e lançou essa:

“Eita. É a camisa do Santinha, é?”.

Só quem diz “eita” é pernambucano. Respondi:

“Sim, a camisa do Mais Querido”.

Ele mudou de expressão na hora. Abriu um sorriso largo, os olhos marejaram e parecia empertigado com alguma força sobrenatural.

“Joguei nos juniores em Pernambuco, ele disse. Joguei no Arruda, nos Aflitos e na Ilha. Jogávamos as partidas preliminares antes dos jogos principais”.

“Caralho, eu exclamei, me lembro demais dessas partidas pré-jogo. Arretado demais”.

Ele desandou a contar a vida dele no Recife, o orgulho de ser pernambucano e o amor que seu pai tinha pelo Santa Cruz. Quando estávamos saindo, ele gritou: “Até a vitória!”. Pensei que era o presságio que faltava para garantir nossa vaga na final diante do Capibaribe.

Quando cheguei no ap da Airbnb, abri uma cerva, sintonizei o jogo no notebook e fui torcer.

 E o que vimos nos 90 minutos de jogo? A pelada mais horrível desse campeonato. Inacreditável o nível de ruindade. Meu amigo Vini, do Recife, me mandou essa mensagem no zap no intervalo: “Pqp, que jogo feio da porra”. Acrescentei: “Ruim x Ruim”.

Foi, de longe, o pior jogo do ano. Jogo truncado pela falta de qualidade, muitas faltas, um cai-cai da porra, uma tonelada de passes errados. Mas até que o Santinha se mostrou “superior” e dominava a partida. Jean Carlos parecia fatigado, exausto e não acertava uma. Bom pra gente, confabulei.

Entretanto, a peleja continuou no nível entre horripilante e tétrico. A melhor tradução para esse jogo: Usina Futebol Clube. Muito chutão, finalizações risíveis e nenhum comprometimento com a bola.

O Santinha quase chegou ao gol em um lance de bola parada e em um tropeção de Rafael Furtado. O que era feio ficou horrível e o que era horrível ficou inominável. Segue a pelota e vamos para os pênaltis. E pênaltis, meus amigos e minhas amigas, é loteria (inclusive um jogador de Santos ganhou na Megasena. Deveria ter jogado nessa porra, ao menos).

Logo de cara Jean Carlos perdeu a penalidade. Realmente, não era o dia dele e creio que qualquer torcedor coral das bandas do Arruda tenha acreditado que iríamos direto para a final. Mas aí, em uma brincadeira dos deuses do futebol, o modo Usina F. C. foi ativado e Alex Alves botou a bola para a puta que pariu e perdeu o pênalti. Assim é foda, meu filho. É perna de pau que se chama, é?

Tudo empatado e fomos para a última cobrança. Júnior Tavares colocou no canto e quase que Kléver faz uma defesa fuderosa. Aliás, o único que se salvou nesse show de horrores. E aí colocaram Ratinho para finalizar. E o que ele fez? Jogou a bola na trave. Na verdade, quando anunciaram que ele iria cobrar, eu pensei: “Fudeu”! Dito e feito. Nosso tricolor coral de Santos deve estar decepcionado com o que viu.

Agora é juntar os cacos e se focar na Série D. Bem, a D é nível hard de Usina F. C. Essa semifinal valeu para entrarmos no clima. Ao menos isso.

E salve meu Santinha!

Barrados no baile.

Fomos barrados no baile e, mais uma vez, iremos acompanhar o jogo do Pernambucano do sofá. A indignação da torcida coral não é pouca coisa não. A revolta se dirige ao Governo do Estado, SDS, FPF, PM, ALN e o escambau de asa.

No Tuit do Santinha, a mensagem é clara: “Torcida única, uma das medidas mais IMBECIS e sem resultado já adotadas. Pois a violência, que quase SEMPRE é fora dos estádios, não diminui por causa disso. Quem vai ao jogo para torcer e vibrar por seu time é prejudicado. Paciência”.

Esequias Pierre manteve esse tom: “Acho que é preciso fazer o que for necessário para garantir o rompimento dessa aberração que é jogo de torcida única e especialmente o que vem ocorrendo a anos em Pernanbuco”.

Concordo plenamente com essas duas proposições. Na verdade, parece mais que o Estado quer se eximir de sua função e deixar para lá o que pode ocorrer. A violência entre torcidas se dá quase sempre fora dos estádios, é combinada com antecedência, tem hora e local marcados, são as mesmas caras, a mesma libido e a mesma incompetência crônica de se fazer algo para coibir essa aberração.

Quem sai prejudicado é quem só quer torcer em paz. Sempre fui a favor das torcidas organizadas como local de articulação política das massas. Entretanto, não dá para compactuar com a violência que se alimenta de uma alucinação social grave. Mas é evidente que uma dose cavalar de consciência de classe e educação política iria direcionar essa energia toda para algo realmente produtivo.

Por isso que não tem quem me convença que esse papo de SAF é bom. Não haverá respeito pela torcida em nenhum momento. O único a ser respeitado nessa relação será o lucro. A torcida – organizada ou não – não poderá opinar em nada, uma vez que não se mete o bedelho em empresa privada.

Mas, saindo dessa tergiversada, é inegável que proibir a torcida de presenciar seu time em campo ou interditar o uso de camisas do clube é uma declaração clara de que falta inteligência, vontade política e investimento para que a violência entre as torcidas seja evitada na fonte.

Essa galera combina suas tretas nas redes sociais. Qualquer aparato de inteligência investigativa conseguiria monitorar essas articulações e miná-las na base. Além disso, há os casos em que a violência nem mesmo ocorre no estádio ou nas suas redondezas.

Quem estava no Pátio da Santa Cruz no aniversário do Santinha e foi surpreendido com a truculência e estupidez gratuita de nosso arquirrival, sabe do que estou falando. E qual foi a causa? Surgiu a história de que nossa torcida – se é possível falar assim – invadiu a sede alheia e foi pau. Muito triste esse mau direcionamento de ação. 

Seja lá como for, o jeito é ficar no sofá tomando umas cervas geladas e acompanhar nossa vitória sobre o Capibaribe. O hiato entre jogos foi benéfico para nosso elenco. Para mim, o maior ganho foi a recuperação de Rafael Furtado.

Como um otimista nato, estou confiante que vamos meter 2 x 0 e ir para a decisão com o Retrôcesso. Dá-lhe, meu Santinha. Que nossa garra ancestral se faça presente e que possamos acompanhar a final em campo. 

Que assim seja!

Arruda, eu te amo!

Um dia histórico. É o mínimo que pode ser dito sobre esse retorno ao Arruda. A emoção do reencontro da torcida com o Santinha em campo pode ser comparada a rever a amada, ter aumento no salário, celebrar com os amigos ou viver o nascimento de um filho. É emoção bruta, pura e cristalina.

Estive no Arruda pela manhã para deixar minha neta no ballet. E não é que revejo o grande tricolor Ridoval?! “Zeca, ele me disse, vou ficar por aqui tomando uma até a hora do jogo”. Porra, eu pensei, que inveja. Tive que deixar as meninas em casa, almoçar e me arrumar para chegar ao Arruda às 15 horas.

Quando desci na Avenida Beberibe, uma sensação atávica de bem estar invadiu meu corpo. A torcida no bar do posto, os varais com camisas do Santa Cruz, os abraços entre amigos, os risos em cada rosto, o cheiro do espetinho na brasa, a cerveja gelada e as três cores mágicas reverberando no dia que se instalava com força.

Assim que cheguei no Bar de Abílio, me encontrei com Heitor, tricolor de coração e alma. Depois revi a velha guarda: novamente Ridoval, Marc, Jerry, Juninho, Renato, Lampi e sua filha linda. Conheci, enfim, Anízio. Tricolor gente fina demais. Uma pena que o velho Sama não pode comparecer. Mas Samir com quatro meses fica difícil mesmo. Completamente compreensível.

E aí, em um assomo de ansiedade e amor incondicional, fui pego ao entrar no estádio, ao subir aquelas escadas amarelas. Puta que pariu, que sensação maravilhosa! A torcida urrava, o sol enaltecia nossa paixão, os deuses e as deusas celebravam conosco. Havia uma docilidade impensável em cada ser humano presente ali. Só mesmo o Santa Cruz para fazer isso.

Senti falta da galera do cachorro-quente e do espetinho que não estava presente nas sociais. Mas a cerveja estava geladíssima e isso valeu muito a pena. E quando o time entrou em campo, como em um espiral que se eleva, cada tricolor coral santacruzense trouxe seu coração para campo, trouxe sua paixão transbordante para aquele momento único.

Quando a bola rolou, era visível como a torcida empolgava o time. Leston chegou a falar isso em uma entrevista após o jogo. Matheusinho foi o primeiro a arriscar um chute de fora da área. O time embalou. E temos que reconhecer: esse goleiro do Caruaru City pega demais. Um senhor berrou ao meu lado, após ele fazer uma defesa absurda: “”Esse filho da puta só que ser o Banks”. Ser comparado a Gordon Banks não é para qualquer um não.

O segundo tempo trouxe nosso primeiro gol com Rafael Furtado. A torcida enlouqueceu. Alegria demais. E aí, quando fui pegar outra cerva, vi um pai com seu filho e sua filha se divertindo, rindo, descontraídos e em paz absoluta. Aquela cena me emocionou demais: lembrei-me de meu pai me levando ao Arruda quando eu tinha cinco anos de idade. Fiquei com vergonha de início, mas tive coragem de pedir para tirar uma foto deles e publicar aqui.

O pai das crianças, Jackson, foi absurdamente educado e solícito comigo. “Claro, ele disse, pode tirar a foto sim. A honra é nossa”. Na verdade, a honra foi toda minha. No meio da conversa, saiu nosso segundo gol. Essa foto que encabeça esse post é dessa família tricolor coral maravilhosa. Valeu, Jackson. Sua família é linda demais.

E ainda deu tempo de Esquerdinha meter o terceiro gol. Depois foi só alegria no retorno ao Bar de Abílio. Como cheguei em casa? Sinceramente, não lembro. Cana arretada. Esse Santa Cruz é foda demais. Arruda, eu te amo!

Salve meu Santinha!

Segue o jogo.

Após um período tenebroso de erros, muita arrogância, lambanças e burrices crônicas, finalmente o ProSanta lavrou. Como sempre repito, política é a arte do possível. Não dá para engolir eleições indiretas nem com a porra. Mas a vida segue e temos que pensar sempre, e antes de tudo, no bem maior, o Santa Cruz.

A retirada estratégica das chapas que competiriam com ALN pode ter duas explicações: 1. Aquela foto que viralizou nas redes sociais com Tininho na cabeceira da mesa e os grandões do Santinha em encontro para firmar a vitória de ALN pode ter como causa a compreensão, enfim, de que é preciso unir forças, deixar a vaidade um pouco de lado, arregaçar as mangas e trabalhar para erguer o Mais Querido com muito trabalho e foco. 2. Tudo isso já estava esquematizado desde a viagem de Joaquim Bezerra para o exterior e nada passou de um jogo de cartas marcadas. Tudo foi encenação e ALN já havia sido aclamado como futuro presidente desde sempre, visando a SAF.

Seja como for – e isso mesmo a despeito de nossa indignação com um pleito eleitoral que não teve participação dos sócios (na verdade, nem teve) – é preciso reconhecer que novos ares sopram no Arruda sem a presença nefasta do ProSanta e sua galera.

No Twitter, a despeito dos idiotas esféricos (para usar uma expressão de Esequias Pierre), há um clima ambíguo: muita gente está apoiando ALN como o salvador da pátria e clamando pela SAF como o melhor dos mundos e, por outro lado, há uma tropa de elite indignada com ALN e as eleições indiretas.

O caso ALN é, em si, também ambíguo no Santa Cruz. Fato que ele conseguiu tirar o Santinha da famigerada Série D. Mas também é fato que autocracia atrapalha e muito a gestão de um clube que nasceu e é do povo.

Por falar em Série D, é preciso lembrar que saímos da D para a A sem SAF. É preciso lembrar do time fuderoso da A com Grafite, Keno e João Paulo sem SAF. O que nos fudeu naquele ano? Salários atrasados. Grafite, inclusive, teve que doar cestas básicas para o pessoal que trabalhava no apoio ao clube. Culpa de quem? Da porra da má administração. Ora, se o time sai da D para A na velocidade de um meteoro, que porra ocorreu para ele não se sustentar lá? E isso sem  esse papo de SAF (lembrando que SAF paga apenas 20% das dívidas do clube).

No mundo real e possível, o clima interno de quem vai trabalhar com ALN parece ser  dos melhores. Até parece que estamos na A e ganhando todas. Eu, de minha parte, torço sempre pelo bem do Santa Cruz, mesmo que esteja com os dois pés atrás – gato escaldado tem medo de água fria, camarada.

E ontem, com o fantasma dos salários atrasados e a esperança de mudanças positivas no Arruda, fomos na garra enfrentar o Capibaribe no Clássico das Emoções. Meu amigo Pietro Wagner chegou aqui em casa às 19 horas. Começamos tomando umas enquanto aguardávamos o jogo. Pietro me disse, em tom cerimonioso, assim que a peleja começou: “Tem momentos que a respiração para no jogo”. E clássico é foda mesmo. Haja coração!

Assim como o jogo contra o Do Recife, o Santinha foi time de um tempo só. Mandou no primeiro tempo. Matheusinho, com aquela bola na trave, fez com que nossa respiração parasse e o coração quase saiu pela boca.

Logo no início do segundo tempo fizemos um gol com Mr. Anderson da Matrix. Parecia que iríamos ganhar facilmente. Uma porra. O time morreu em campo. O Capibaribe foi esperto e fez mudanças rápidas enquanto monsieur Leston ficou comendo mosca. Era visível o cansaço do time e a falta de qualidade na marcação, nos passes e no posicionamento.

O Capibaribe mudou o jogo e começou a mandar na partida. O empate surgiu e até que foi um bom resultado, pois com a ruindade que vimos no nosso elenco, a falta de substituições e mudança tática, era quase provável levarmos uma lapada. Vamos para as quartas de final do pernambucano contra o Caruaru City (espero que o Arruda seja liberado, porra!) e garantimos o calendário de 2023. Ufa! Segue o jogo.

Eu e Pietro finalizamos a noite escutando Smetana, Borodin e Orff , tomando todas e conversando sobre Dostoiévski.Viagem pura. Santa Cruz é isso mesmo: muita emoção, amizade, tradição e história, muita história.

Salve meu Santinha!

Fora da ordem.

Em uma de suas canções, Caetano Veloso canta: “Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”. No caso do Santinha, pode-se dizer que alguma coisa está, há muito tempo, fora da velha ordem do clube.

Com os sucessivos desastres do ProSanta e a saída prematura e bem-vinda de Joaquim Bezerra, novas eleições indiretas foram convocadas. O problema aqui não é dizer que estamos sendo democráticos seguindo o estatuto. O problema é que o estatuto deixou de ser democrático exatamente por não ter previsto eleições diretas em casos como esse.

Daí a velha ordem ressurgiu das cinzas. Albertino e ALN lançaram suas chapas.Waldemar Oliveira – que tinha o apoio de alguns grupos políticos – abandonou logo a empreitada e deixou essa galera revoltada.

Os dois contendores se debatem na tentativa torpe de um impugnar a candidatura do outro. Isso é tão vergonhoso e triste que revela a total falta de empatia desses grupos com a real situação do Santa Cruz.

Tem um pessoal revoltado no Twitter dizendo que, se Albertino se tornar presidente, irá torcer para o Íbis, abandonar o Mais Querido. Nem com a porra eu faria isso. Não apoio nem ALN e nem Albertino. Ninguém quer mais do mesmo, mas é exatamente isso que o ProSanta nos entrega. É revoltante ver como essa galera é descolada do clube.

Disseram nas redes sociais que a Inferno está apoiando ALN. Não sei se procede. Criticaram o ProSanta e Joaquim com veemência. Creio que seria a hora da nossa organizada fazer política e exigir eleições diretas em vez de apoiar x ou y.

Se eu fosse conselheiro, votaria nulo e escreveria uma carta aberta à torcida exigindo eleições diretas e tempo para que chapas progressistas se candidatassem. Essa velha ordem vai afundar ainda mais o clube.

E para quem ainda defende essa temeridade da SAF como a salvação eterna, o que me diriam se Laércio Guerra comprasse o Santa Cruz? Ou se um grupo de investidores ligados a Joaquim Bezerra assim o fizesse? Em SAF, meus amigos e minhas amigas, não tem crítica, não há democracia e que se foda o povão. Iludir-se com isso não é minha praia.

Mas em política não dá só para criticar e não ter propostas factíveis, é preciso ser propositivo e pragmático. Sendo assim, tenho minha chapa em mente em um mundo ideal, surreal, anárquico, revolucionário, onírico e carnavalesco. Quem comporia minha chapa?

Esequias Pierre para presidente. Sama para vice. Fred Dias no jurídico. Gerrá em assuntos aleatórios. Inácio como diretor de futebol e minha nora, Anna, no marketing. Oxe, em pouco tempo estaríamos disputando a Séria A, a Libertadores e caminhando para o Mundial. Sonho só tem preço na padaria.

No mundo real, vou convidar meu amigo Pietro Wagner para vir aqui em casa na próxima quarta-feira para acompanharmos a peleja contra o Capibaribe. Gelar umas cervas, deixar o tira-gosto pronto e torcer, abstraindo essa realidade absurda que ronda o Arruda.

Mas não é só torcer o que nos resta. Ação política contínua deve ser o norte de nossa torcida. Sem luta, camaradas, não há mudança. Essa galera já deu, de boa. Para uma nova ordem mundial, só eleições diretas já!

E salve meu Santinha!

Travou, mas voltamos!

Depois daquela derrota vergonhosa contra o Retrôcesso, eu  escrevi uma crônica chamada “A vergonha! A vergonha!” inspirada em uma frase de Joseph Conrad, “O horror! O horror!” de sua obra O Coração das Trevas que virou o filme Apocalypse Now.

Depois de escutar muita zoação por causa daquela vergonha, fui entrar aqui no blog para postar. E não é que o acesso estava interditado?! Dava a porra e eu não conseguia publicar nada. Até Rubens, leitor do blog, havia me enviado um texto para publicar aqui como colaboração. Demorou, mas agora vai.

Falei com Sama, Gerrá e Inácio sobre o problema. A solução? Anízio. O caba saca tudo de tecnologia de comunicação e me explicou que era preciso pagar o domínio e a hospedagem do blog. Me ajudou demais e pagamos e aqui estamos de volta.

Há muitas histórias nesse blog. Muita tradição. Textos primorosos e temos que manter essa chama sempre viva. Vida longa ao Blog do Santinha!

Nesse ínterim, muita coisa aconteceu. Conseguimos ganhar de maneira sofrível contra o Vera Cruz. Minhas amigas e meus amigos, que pelada foi aquela? Que jogo horrível. Parece inegável que o futebol pernambucano está vivendo uma crise enorme. É preciso pensar isso com cautela e encontrar soluções imediatas e para o futuro. Do jeito que vai não está nem um pouco legal.

A notícia bomba veio no meio do caminho: Joaquim Bezerra renunciou ao cargo de presidente do Santinha após menos da metade do mandato realizado. Incrível o que o ProSanta e o IPC conseguiram fazer com o clube em tão pouco tempo.

A galera está nervosa no Twitter e a palavra de ordem parece ser o clamor por eleições diretas já no Arruda. Alguém aí acredita em Marino Abreu à frente da gestão do clube? Mais do mesmo? Creio que sim.

Defendo plenamente a abertura de um processo eleitoral no Santinha. Creio que esse período tétrico serviu, ao menos, para nos vacinarmos contra propostas mirabolantes e redentoras.

As forças progressistas precisam se pronunciar, montar chapas realmente sintonizadas com o Santa Cruz e com expertise suficiente para reverter esse cenário de devastação que assola o Arruda.

Incrível que, até agora, não conseguimos nem mesmo ir ao estádio para ver uma partida ao vivo. Inacreditável isso. Saudade do melhor cachorro-quente do mundo, dos papos malucos em Abílio, da energia da torcida em campo, da emoção de ver o time entrando no gramado e, mais do que tudo, gritar gol feito loucos alucinados. É bom demais.

Salve meu Santinha! E eleições diretas já no Arruda!

É Clássico!

No Clássico desse sábado é acertado dizer que o Santinha só entrou realmente em campo aos 19 minutos do segundo tempo. A estratégia defensiva de Leston no primeiro tempo deixou a torcida com os nervos à flor da pele. O meio de campo parecia morto e a ofensividade do time era zero.

Era visível a dificuldade de Elyezer e Gilberto em dar passes acertados. Kléver, o melhor em campo no primeiro tempo, era o único que acertava. Incrível isso. Na zaga, Júnior Sergipano,  Ítalo Silva, Ratinho e Alex Alves batiam cabeça e quase nunca havia cobertura na cabeça de área. Ratinho é ruim demais e era um erro atrás do outro.  

Percebendo as dificuldades de ligação entre a defesa, meio de campo e ataque, Leston colocou Esquerdinha para fazer essa função e dar maior mobilidade ao ataque. Walter estava mais isolado do que Tom Hanks em O Náufrago. De início, no segundo tempo, o time ainda estava apático e não conseguia se impor no jogo.

O gol dos coisados surgiu de um erro de marcação da lateral esquerda. Kléver ainda foi na bola, mas não deu. O time estava tão desencontrado que só tivemos um escanteio a favor aos 21 minutos do segundo tempo.

O Santinha demonstrou que as jogadas ensaiadas de bola parada estavam em dia e que faziam efeito. Mas foi numa jogada bem entrosada que, após o cruzamento de Mateusinho, Tarcísio – que só tem 1,71 m de altura – meteu a cabeça na bola e fez o gol da Cobra Coral. O time acordou e o jogo mudou de feição: conseguimos dominar a partida e imprimir a cadência da peleja.

Clássico das Multidões é para deixar o caba nervoso, gritando com a TV e tomando todas para não enfartar. Com a mudança do cenário e com os nervos mais acalmados, vimos que bola parada era o segredo para conseguirmos a vitória. Mas por um fio de cabelo e por causa do bandeirinha que deve ser torcedor da coisa, o levantamento de Esquerdinha para a área foi dado como impedimento e isso após a arbitragem seguir o jogo enquanto Alex Alves comemorava. Lambança geral.

Rafael Furtado sempre entra bem. Já dissemos isso aqui antes. O bicho tem estrela e soube se desvencilhar da marcação, fazer um giro arretado e mandar a bola para as redes. Golaço. Era para estarmos com 3 gols.

E aí, em um erro debilóide da zaga que, mais uma vez se perdeu na marcação, deixou o Do Recife empatar o jogo no finalzinho com um gol de cabeça. Que vacilo da porra. Não podemos perder a atenção desse jeito, ainda mais quando estamos falando de um Clássico.

Inegável que esse jogo foi um teste e tanto para o elenco e equipe técnica do Santa Cruz. Não jogamos o primeiro tempo e isso tem que ser estudado. Mudamos da água para o vinho no segundo tempo e é assim que temos que jogar.

Estamos na liderança com 13 pontos, mas o Retrôcesso – que será nosso próximo adversário no domingo – tem um jogo a menos e o Capibaribe realizou apenas 4 partidas. Temos que nos ligar,  acertar a ligação entre os setores do campo, sempre impor o ritmo de jogo, ajustar a zaga e partir para cima. O Campeonato Pernambucano é importante também como preparação para a Série D que não é brincadeira.

Avante, meu Santinha!

Conversando Água #19

O programa Conversando Água, na edição 19, trouxe um debate muito esclarecedor sobre a SAF no Santa Cruz. A galera convidou Frederico Dias e Esequias Pierre (ambos advogados) para debater a questão. Para quem quer analisar o tema a partir da racionalidade e sem paixão, indico demais dá uma sacada nesse bate-papo.

A fala de Fred foi exemplar e irretocável: explicar, a partir da legislação, quais são as atribuições da SAF e como se dá seu funcionamento. As leis Zico e Pelé deram a falsa ideia de que a SAF seria a grande solução para o futebol brasileiro. Mais o buraco é bem mais embaixo.

A SAF atual não coloca ações na Bolsa, é feita a partir de escolha dos clubes, visa atrair investidores donos, surgem dois clubes (a associação e a SAF vivem lado a lado) e o departamento de futebol é que estará atrelado à SAF. Além disso, todo ganho com o futebol vai para a SAF como cota de televisão, patrocínio e organização de espetáculos. Haverá dois presidentes no Santa Cruz.

E as dívidas de 245 milhões de reais? A dívida não vai acabar. A lei determinou que a SAF arque com até 20% da dívida da associação, ou seja, a SAF não vai resolver magicamente as nossas dívidas oriundas de falcatruas históricas que assombram o Santinha e criaram essa dívida absurda que enriqueceu muita gente. Havia dito antes citando o Valor Econômico: SAF é solução cosmética. Calcule aí 20% de 245 milhões. Recuperação judicial ou extrajudicial se faz de todo jeito, independente de SAF.

O Arruda irá integrar o capital dessa SAF? Como ficarão os sócios? E a patrimonial? Qual cota será vendida? São diversas questões mal explicadas ou não explicadas e tocadas às pressas. Transparência não é o forte do ProSanta. Palavras de Fred: “Ninguém vai vir para o Santa Cruz porque gosta do Santa Cruz. Esqueçam isso. Vem para ganhar dinheiro. Como donos, não haverá interferência do sócio, conselheiro ou do torcedor”. Lucidez total. Não haverá nada atrelado a resultados.

Historicamente sabemos de clubes SAF que as dívidas aumentaram e não diminuíram como esperavam. Diminuir 60% de nossas dívidas já seria um sonho. E qual investidor não irá querer ser majoritário? Quem compra dívida para não ganhar com essa compra? Acreditar no contrário é ser movido pelo desespero e uma paixão cega. Papai Noel não existe.

A fala de Esequias expressou sua desconfiança de como o processo está sendo feito dentro do clube. Defende que nem tudo pode ser feito por um assembleísmo. Isso é natural: há expertise para decidir questões urgentes e fundamentais. Posicionando-se contra a SAF, explicou que o Santa Cruz deve ser propriedade do sócio, é patrimônio da sua torcida, tem tradição, história popular.

Segundo Esequias, “nós elegemos uma diretoria que reclamou muito e se elegeu com a bandeira de ser contra dois clubes dentro de um. A diretoria que viria seria contra a criação de ‘outro’ Santa Cruz”. Muito bem lembrado. Ou seja, a aposta na mudança de nosso estatuto como uma maneira racional de mudar nossa realidade era só balela? Ou, na verdade, as questões cruciais não foram mudadas?

Esequias falou aquilo que eu disse no post anterior sobre a SAF: há temeridade em como as coisas estão sendo feitas dentro do Santinha. Parece que há uma pressa exacerbada para uma coisa muito sensível. E isso a partir de uma lei que tem cinco meses. Preocupação é a palavra do dia. Quem está tocando o processo? Sabemos de cinco consultorias envolvidas. O legal do debate – que por ser longo e aprofundado não dá para falar sobre tudo aqui – é que há opinões diversas sobre o tema. Continuo com minha opinião: SAF é o c…

Segue o link para vocês sacarem a conversa. Vale demais.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=0vzq08AnPGY&t=3007s

E sábado Waltergol mete dois no Do Recife. Salve meu Santinha!

É Waltergol!

Vamos deixar as questões políticas um pouco de lado – se é que isso é possível – e nos concentrar naquilo que é fundamental: o futebol. E o Campeonato Pernambucano começou acelerado e atabalhoado ao mesmo tempo. Logo de cara ainda não conseguimos ir ao Arruda e matar a saudade de ver o time em campo ao vivo. E não é que o Santinha é o líder?

Na estreia contra o Caruaru City creio que foi uma grata surpresa o futebol de Walter. As redes sociais brincavam que ele estava sendo cevado no biscoito treloso e na cerveja Brahma e que não iria jogar nada. Quebraram a cara: o caba joga e muito.

Depois atropelamos o Afogados com 5 gols. O jogo contra o Íbis foi outro passeio e não tem quem possa me convencer que o segundo gol contra o Salgueiro foi impedido. Era para ser 2 x 2 aquele jogo.

Em entrevista após nossa primeira derrota, Leston Júnior foi certeiro ao afirmar que o time errou bastante na marcação de bola parada. Parecia um Walking Dead futebolísitico a nossa zaga. Jefferson foi o mais destratado nas redes sociais. A galera estava indignada.

Não é de se estranhar, uma vez que o Santa Cruz sempre teve a tradição de ter goleiros bons. Novamente, a percepção acertada de Leston Júnior se deu ao colocar Kléver em nossa meta. O bicho se garantiu no jogo contra o Sete de Setembro.

Rafael Furtado vem demonstrando personalidade, garra e bom posicionamento quando entra em campo. Espero que esse padrão se mantenha. O que se mantém, infelizmente, são os equívocos de nossa defesa. O vacilo de Yuri foi de uma ingenuidade gritante.

Por outro lado, o que se mantém é o pé pesado e certeiro de Walter. Mateus Lira deu um passe longo e meio apertado, mas Walter foi mais rápido e inteligente do que os dois zagueiros e botou a bola na rede. Oportunismo puro

Logo em seguida ao gol – estilo jogo contra o Salgueiro – levamos um gol infantil. Pênalti desnecessário. Mas inegável que Kléver fez duas defesas fuderosas durante a partida.

E que golaço de falta do Walter. Só quer ser o Zico. Por cima da barreira. Categoria pura. Ainda deu tempo de Esquerdinha mandar um passe de primeira para Matheuzinho correr com a bola e tirar o goleiro de tempo. Outro golaço.

Evidente que Leston tem que corrigir o posicionamento de nossa zaga. Não dá para fazer um gol e levar outro logo em seguida. É preciso cabeça fria, concentração e saber o que fazer.

Como havíamos falado em atabalhoamento, basta dar uma olhada  na tabela do PE e ver que o Santinha deve ter poder de ubiquidade. Vai jogar no próximo sábado, dia 19, contra o Vera Cruz e contra o Do Recife, a coisa. Já mudaram tanto a data desse último jogo que, realmente, confesso que não sei quando será. Se vocês souberem, ajuda aí.

Será o teste de fogo para nosso elenco. Walter já disse que vai meter gol nos coisados. É Waltergol! Que assim seja e que possamos juntar mais essa vitória. Disse e cumpri: sem política dessa vez.

E salve nosso Santinha!

SAF é o …

Essa crônica era para se chamar Grata Surpresa. Desde o início de fevereiro que estou de mudança. Quem já se mudou sabe a bronca que é arrumar as coisas. Ainda mais quando se tem uma tonelada de livros. Só ontem consegui deixar tudo em ordem aqui em casa e instalar a internet. Ou seja, não tinha como publicar aqui no blog. Voltando a escrever, a ideia inicial era celebrar as gratas surpresas que ocorreram nesse início de Campeonato Pernambucano: os acertos de Leston Júnior; o fato de que Walter, mesmo no sobrepeso, joga muito; a inegável boa entrada de Rafael Furtado sempre matador e, claro, as três vitórias consecutivas do clube.

Mas aí, no meio do caminho da senda tricolor coral, tem uma desgraça chamada ProSanta que já está na hora de lavrar. Os caras – esses mesmos que nas eleições passadas prometeram mundos e fundos e surgiram como os salvadores da pátria com ideias mirabolantes para tirar o Santinha de uma crise que parecia crônica – conseguiram demonstrar uma incapacidade administrativa sem precedentes.

Agora, após toneladas de merda que fizeram, surgem com mais uma solução mágica tirada da cartola dos imbecis: transformar o Santa Cruz Futebol Clube em uma SAF. De boa, só há uma coisa para ser dita: SAF é o caralho!

Dentro de um sistema capitalista, é possível pensar, quando estamos falando de futebol, em aceitar investidores pontuais para qualquer clube. O problema da SAF é que toda a tradição, a paixão e o respeito à história do clube vão para a puta que o pariu. Só não mudam as cores do time, o escudo e o nome porque a lei proíbe. É a mesma coisa que ocorre quando uma universidade privada é vendida: mudam tudo, sugam o que podem, exploram a classe trabalhadora e, caso não haja o lucro que esperavam ( a única coisa que importa para essa galera), é hasta la vista, baby.

Essa discussão sobre saber se SAF é uma coisa boa ou não é papo para boi dormir. É uma merda. Para poucos clubes deu certo, mas não há garantia nenhuma de que tudo mude em um horizonte próximo quando os interesses dos donos – e não investidores – mudarem. Já escrevi aqui antes: o Santa Cruz possui três grandes patrimônios: o Arruda, sua História e a torcida. Esse é o nosso e melhor capital, o capital tricolor.

Esse papo de SAF surge após a viagem de Joaquim Bezerra para Dubai. Não sei se há correlação. Mas mesmo que não soubesse o que é SAF, seria contra apenas porque partiu dessa galera que são aventureiros que não estão nem aí para o Santinha.

Parcerias furadas – diga-se aquele capitalista cheio da grana que compra teu time apenas para lucrar mais ainda e que está cagando e andando para seu amor pelo clube – são uma constante no mundo SAF. Alguns exemplos de falência: Figueirense, Vitória, Botafogo-SP, Belenenses, Bury, Parma, Málaga e por aí vai.

Além da insegurança jurídica que essa bosta traz, a SAF muitas vezes não gera o dinheiro que o clube esperava para si, uma vez que o capital gira em torno de seus donos. Torcida e o resto são apenas torcida e o resto. Fodam-se! Capitalista só pensa em si e em mais nada. Não dá para passar pano achando que estamos entrando no melhor dos mundos.

O capital que move o futebol deve ser entendido em toda a sua complexidade. E, para piorar as coisas, esse papo de clube empresa no Santa Cruz surge a toque de caixa. Não há uma discussão séria com a torcida, o conselho parece morto, não há transparência jurídica e administrativa sobre o todo do processo.

Para mim, a solução imediata é muito simples: renúncia do ProSanta e novas eleições. Como diz a galera do Valor Econômico, SAF é solução cosmética. Na dúvida, a democracia é sempre a melhor escolha. E sem abstenção.

Salve meu Santinha!