A loucura voltou

Por Amil Enoramas, novo cronista coral.

Amigos corais, como assumi recentemente a coordenação de conteúdo do Mais Querido, estou impedido, eticamente, de ficar escrevendo no Blog do Santinha, que sempre foi independente.
Então tive uma idéia muito interessante: criei um pseudônimo (Emil Enoramas).
Ninguém da diretoria vai associar este pseudônimo ao meu nome.
De formas que posso escrever sobre nossa loucura coral.
Ela voltou!
Sempre rezei com mil velas acesas, para que parassem aquela doidice de ingressos a R$ 40,00 e R$ 20, separando a arquibancada inferior da superior. Quem paga R$ 40,00 para ver um jogo do Santa às 21h45 está, no mínimo, empregado e tem como voltar pra casa. Quem paga R$ 20,00 no andar de cima, está corroendo seus R$ 880,00 do salário mínimo e vai voltar pra casa nos poucos ônibus lotados ou, não se enganem, a pé mesmo.
Colocar o andar de cima (que, no Brasil, é o andar de baixo) a R$ 5,00 foi coisa de gênio. Não vou citar coisas dos bastidores, porque posso ser demitido antes de ser aprovado nos três meses probatórios.
Mas o Santa Cruz F.C. acaba de assinar um tratado de sociologia, de história do Brasil, de leitura da realidade. É isso! Temos um estádio gigante, uma torcida gigante, sedenta por futebol, e ficávamos dando bobeira.
Resultado: Mais de 40 mil apaixonados cantando e gritando.
Uma coisa linda, contagiante, que estava fazendo falta. A torcida da barbie, digo, Nautico, ensaiou uns miados, uns gritinhos, mas foi engolida pela massa coral, enlouquecida.
Vi pela primeira vez, em dezenas, centenas e milhares de anos no Arruda, o treinador fazer o “T” para a massa coral.
O “T” que fazemos instintivamente, em qualquer lugar do mundo, unindo o punho da mão direita no osso do braço esquerdo, para nos identificarmos.
Milton Mendes fez isso.
Melhor. Ao final do jogo, a massa coral gritou “Ah, é Milton Mendes!”
Eu sei que o cara é durão, mas até os durões amolecem, numa hora dessa. O cara deve ter pensado: Como é que não vim pra cá antes?
Como estou substuindo o senhor Samarone Lima, me dou ao direito de escrever sem rumo.
Vocês viram o que eu vi?
Que zagueiro é aquele, o Néris?
Por que só agora o homem pode mostrar sua técnica, seu posicionamento sempre na medida?
E as triangulações de João Paulo com aquele galego que agora esqueci o nome, que já nasceu com a bola nos pés?
O time é outro. Tem foco, raça, toca a bola, está cheio de confiança e jogando muito. Nem parece aqueles desalmados da era Martelote, no início do ano.
Sei que vocês devem estar com aquela dorzinha na pá, pensando “porra, era para a gente ter dado uma enfiada historica”.
Mas os deuses do futebol gostam de dar lições.
Precisamos pensar no próximo domingo como mais uma decisão. Não tem nada ganho.
Eu, que tenho ódio mortal da palavra “olé”, fiquei espumando quando a torcida puxou o coro maldito.
Resultado: levamos um gol besta no final.
No meu tratado de sociologia universal do futebol, só se grita “olé” se o time estiver ganhando de 3 x 0 no último minuto dos acréscimos.
O saldo do jogo de ontem, com a massa enchendo o Arrudão, é simples:
A loucura voltou.
E a minha loucura, até domingo, é só uma: chegar à final.
Depois é que vou pensar na outra final.
Nada de botar os bois no lugar das vacas. O bicampeonato está na minha lista de prioridades para 2016.
E a Copa do Nordeste também.
Vou ali, comemorar com meus amigos do Poço da Panela.

Mudanças no Blog do Santinha

Amigos corais,

Desde que fundamos este glorioso Blog do Santinha (eu e meu amigo Inácio França), em 2005, escrevemos sobre tudo e todos. Criticamos, reclamamos, louvamos, celebramos, descobrimos figuras inesquecíveis. A crônica, a conversa de boteco, os casos mais inacreditáveis, fazem parte desta jornada. Para melhorar, pescamos da Categoria de Base Coral (CBC) o senhor Gerrá Lima, que nasceu um cronista de primeira, com sua coleção de personagens dos subúrbios.
Agora vivemos um momento especial.
Depois das agruras no subsolo do futebol brasileiro, ressurgimos das cinzas e voltamos à Série A. Avançamos na Copa do Brasil. Estamos nas semifinais do Estadual (rumo ao bicampeonato) e nas finais da Copa do Nordeste.
Como diz o povão: Dá pra tu?
É justo neste contexto, que preciso me licenciar do Blog do Santinha, a exemplo do senhor Inácio França, há alguns meses.
O motivo é profissional.
Hoje assumo a “coordenação de conteúdo” do Santa Cruz Futebol Clube. Significa que deixarei de ser apenas o reles torcedor coral, que escreve crônicas, desabafa suas dores e delícias, que reclama do acesso ao estádio, dos cambistaas, e passa a acompanhar tudo o que é produzido para o site coral e as redes sociais.
Vai ser um trabalho no minimo instigante, porque de rede entendia mesmo era a da sala de casa, aquela que faz nheeec nheeec no armador.
Hoje mesmo, terei que providenciar o afamado zap zap, para me comunicar melhor com a equipe de profissionais que trabalham na comunicação do Santa.
Conversei com o também blogueiro do Santinha, senhor Gerrá Lima e avaliamos que é melhor que eu me afaste do cargo de colunista coral. Ele poderia perder algo que é fundamental – e que o mantém vivo até hoje – sua independência.
Não posso, também, servir a dois senhores.
Enquanto estiver neste novo trabalho, voltarei aqui como visitante.
Gerrá Lima, que está fazendo uma viagem à Colômbia, já começou a sondar possíveis novos cronistas.
Quanto ao meu novo trabalho, estarei novamente em dupla com o grande amigo Inácio França, que há alguns meses vem contribuindo com sua nteligência privilegiada na busca de soluções criativas para os entraves e encaminhamentos do clube.
A minha esperança é que esta dobradinha com o senhor Inácio França proporcione, ao Santa Cruz, as alegrias e descobertas que o Blog do Santinha proporcionou aos seus leitores e torcedores.
Um abraço e obrigado por tudo.

Palpites felizes

Sou invocado com o Allan, sujeito que tem uma lan house + empresa de xérox, aqui no centro. Sou um sujeito que ainda usa lan house e tira xerox.
Dia de jogo importante, ele vem com um papo de “sei não, professor, acho que amanhã vai ser apertado…”
É um tal de 1 x 1, 1 x 0, que dói nos ouvidos.
Fora as previsões:
“Tás sabendo que João Paulo vai para a Inglaterra”?
Notícia ruim ele sabe antes do presidente.
Sobre isso, nem quero comentar. João Paulo é o craque do time, disparado. E tem raça. Não para um minuto em campo.
Cheguei hoje par tirar a xérox de um documento, ele foi fazendo a previsão para o jogo contra o Bahia:
“Professor, hoje contra o Bahia é 3 x 0, pode anotar o que eu digo”.
Tomei foi um susto.
Puxei minha cadernetinha e anotei.
Gol de quem?
Ele fez um silêncio compenetrado e me ditou a súmula:
“Keno, Grafite e Dênis Morais”.
Todo mundo na lan house ficou sem acreditar. O pessimista animado assim?
“É que Denis Moraes gosta de fazer gol no Bahia”.
**
Liguei para Gerrá, nosso cronista do povão coral.
“E aí, Gerrá, tens texto pra hoje?”
“Tou sem tempo nenhum. Tinha até um mote: o otimismo do supervisor de segurança aqui do Trabalho, Gilvan. Pra Gilvan não tem tempo ruim. O Santa Cruz sempre ganhará”.
“E pra hoje, o que foi que ele arriscou?”
“Ôxe. Logo cedo ele gritou – E hoje?”
“Ele emendou a resposta – é 3 a 0 – três gol de Grafite”
Eu disse: “Dois dele e um de Keno”.
Gilvan fez um legal pra mim.
Então, meus amigos, é separar a camisa, a bermuda, cueca, radinho de pilha, fone de ouvido, fazer as mandingas de sempre e seguir para o Arrudão.
Pelos palpites felizes coletados por este afamado Blog, vai ser 3 x 0 para o Santa. E Grafite vai se dar bem.

Milton Mendes, bota essa turma para jogar bola!

Gerrá me mandou uma matéria sobre o novo treinador do Santa, Milton Mendes.
Ele apareceu numa entrevista coletiva usando um capacete, já que sua cabeleira tinha sido cortada pelos jogadores do Atlético Paranaense, após uma vitória importante.
Gostei disso. O Santa precisa de um sujeito que dê uma sacudida. Não dava mais para ver o treinador cabisbaixo, dizendo que o time estava sem pegada. Mas eu também não queria o tal do Lisca Doido, que nunca me enganou. É um treinador bem meia boca. Por sinal, meus informantes em Fortaleza informaram que, após minhas críticas, ele foi sumariamente demitido.

Não sei nada ainda sobre o Milton Mendes, só que teve uma sólida participação no Atlético Paranaense e parece saber motivar bem o elenco. Outro informante, desta vez na Europa, me disse que ele fez todos os cursos oferecidos pela FIFa, UEFA, Barcelona etc. E o homem, pela foto, tem uma cara de brabo que nos faltava. Martelotte estava parecendo aquele diretor de escola que nem aluno novato respeita.
Se usa capacete, boné, se treina usando galochas, se é cristão, evangélico, judeu, muculmano, eu não tenho a menor idéia.
Se dá esporro em jogador até quando joga bem, se gosta de comer só feijão com farinha e torresmo, se detesta Coca Cola, não tenho a menor idéia.
Não quero muitos detalhes.
Se algum leitor deste afamado Blog tiver alguma informação complementar, pedimos que nos envie.
O importante é que este homem precisa colocar os pés no gramado do Arruda com fogo nas ventas, doido para mostrar serviço e fazer aqules escondidinhos do futebol darem as caras. Os jogadores profissionais, sub 20, 2ub 17, sub 10, sub 9, sub 5, sub-bêbê devem ficar atormentados com a chegada dele.
“É bronca, o homem chegou!”, vai gritar Raniel, já dando a terceira volta no campo, correndo como um queniano.
Já imagino a primeira preleção:
“Um passe errado, chuveiro!
Dois passes errados, uma semana em casa, para refletir sobre a vida!
Três passes errados, pode pegar o beco!”

Contra o Ceará, sinto o cheiro de levantada geral no astral do time e da torcida.
Depois, uma lapada boa na coisa, digo, no Sport, para a gente embalar e tirar essas quizilas de lado.
Esse negócio de torcedor do Santa desanimar nas dificuldades beira ao ridículo. A hora de empurrar o time é agora.
Tenho dito.

Síntese coral: “Ninguém corre, ninguém marca”

Assisti a pelada de ontem contra o Baêa num boteco da Boa Vista. Não sei o que era pior – o atendimento do bar ou o time do Santa.
Acordei hoje pensando em algo para escrever, quando vi as reportagens com o desabafo do nosso meia, João Paulo:
“Ninguém corre, ninguém marca”.
Quando um jogador vem a público dizer um negócio desse, é porque as coisas estão realmente brabas.
Mas é também o desabafo de um cara que joga bola, que está puto e que não se conforma.
Aliás, ele é um dos únicos que está dando o sangue em campo.
A indignação dele é a mesma minha, a nossa.
Deve ser também da diretoria, que só faltou pedir empréstimo ao Banco Mundial, para manter a base do time que chegou voando na fase final da Série B do ano passado.
Era tanta frescura para renovar o contrato, tanta exigência, que só faltou pedirem helicóptero para se reapresentar.
O que temos agora é um amontoado de jogadores ciscando em campo. Um time sem alma, sem garra, sem tesão de jogar bola.
Sinceramente, se classificar para a segunda fase da Copa do Nordeste na base da sorte, é demais, para um time que daqui a pouco joga a Série A.
O jogo de ontem, pra mim, foi a gota dágua.
Perder para o time misto do Bahêa, já classificado?
Eu não sei o que fazer, mas espero que a diretoria já esteja se mexendo.
O treinador Martelotte fala uma coisa alarmante:
“Estamos com essa falta de confiança quase generalizada”.
Então, meu filho, se você é o comandante da tropa e ela está com medinho das batalhas, pega teu boné e vai pra outro time.
Hoje estou meio invocado, desculpem aí.
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Minha única atitude cívica coral, além de escrever, será me encontrar com o amigo Esequias, no Pátio da Santa Cruz, sábado, para tomar umas e seguir para a tal Ilha, para ver Améria X Santa.
Com esse futebol que estamos jogando, já dá até um nervosismo.
Sem jogador correndo ou marcando, com essa tal “falta de confiança”, qualquer pelada ganha ares de clássico, de épico. Espero pelo menos que a cerva esteja liberada.

Ódio interestadual e outras anotações sem rumo

Estava assistindo dois jogos ao mesmo tempo, na quarta-feira passada: o do Ceará, contra outro time que não lembro o nome, e o do Fortaleza, contra a coisa, digo, o Sport. O bar estava dividido. Daqui a pouco, gol do Ceará, comemorações. Daqui a pouco, gol do Fortaleza, comemoração da galera e minha também. Lá pelas tantas, mais gol, do Fortaleza, e o bar ficou uma animação só.
Até que a TV começou a mostrar aquelas imagens lamentáveis, de torcedores na base dos murros, chutes, uma brutalidade total. Mas não era a torcida do Fortaleza brigando com a torcida do rubronegro do Recife. Era a própria torcida do Fortaleza dando pau nela mesmo.
Ou seja: o sujeito sai de casa com a camisa do seu time e leva cacetadas da própria torcida.
Foram oito minutos de UFC.
Vi hoje nos jornais. O estopim teria sido porque uma facção da organizada do Fortaleza é alida da torcida do rubronegro, e a outra é ligada à torcida do Santa.
É o ódio interestadual. O sujeito quer matar o outro porque simpatiza por um outro clube, a 800 quilômetros de sua cidade.
Quando a PM chegou, já tinha meio mundo de gente batendo três vezes no chão, para encerrar o combate, mas levou foi mais cacetada.
Estou há uma semana aqui em Fortaleza, trouxe meus mantos corais, desfilei com a camisa das três cores corais, e até agora não me acertaram nenhuma paulada.
Ou seja: sou um homem de sorte.
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Domingo tem de novo Ceará X Fortaleza, jogo que fui muitas vezes, com meu pai e meu irmão, Antônio José (morei em Fortaleza de 1977 a 1987).
Eu estava pensando em ir, mas a maior parte dos meus amigos me sugeriu desistir.
“É mais fácil tu apanhar do que ver jogo”.
“Tu é doido, macho? Tu vai voltar pra Recife é num caixão”.
Depois de alguns delicados conselhos, desisti.
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Para ter idéia do tamanho da bronca, só de PMs no clássico de domingo, serão 660.
Muito em breve, o número de policiais em estádios vai ser quase igual ao número de torcedores. Ou algo do tipo: 20 mil torcedores e 10 mil policiais no entorno.
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Chamou a atenção a disparidade financeira entre o vencedor (Fortaleza) e o vencido (Sport). O salário do treinador do vencido, Falcão, é R$ 500 mil. Dá para pagar TODA a folha do Fortaleza e ainda sobra R$ 100 mil para contratar mais gente.
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Esses “gênios” que inventaram de transformar estádios antigos em “Arenas” só fizeram gastar fortunas e desconhecer certas realidades locais.
No último jogo Ceará X Fortaleza, na final do Estadual de 2015, foram quebradas 1.580 cadeiras, dando um prejuízo de r$ 500 mil, perda de mando para os dois clubes (e apenas três pessoas indiciadas criminalmente).
O Fortaleza já teve prejuízos de R$ 1 milhão, por conta das confusões envolvendo sua torcida. E está na Série C. Eita calvário…
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Mas, como aqui é o Blog do Santinha, precisamos falar do nosso amado clube.
Gerrá me ligou:
“Tás sabendo que Naná morreu?”
Putz, como é que o sujeito me dá uma notícia dessas assim, sem nem fazer uma introdução?
Botei pra chorar, lembrando do velho amigo e irmão Naná. Sabia que ele estava com a chikungunya, andava meio baqueado, mas… morrer assim, justo agora que tinha conseguido botar a Kombi nova para rodar?
“Porra Gerrá, perdi um irmão”, comentei, já soluçando, pensando em antecipar logo a volta, para beber o morto.
“Ôx, e tu era amigo de Naná Vasconcelos?”
Foi uma linha cruzada.
Quem morreu, na verdade, foi grande percusionista pernambucano, que levou a nossa música para várias partes do mundo, grande torcedor do Mais Querido..
Vai aqui minha singela homenagem a Naná VASCONCELOS.
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E dia 20 tem jogo contra a barbie, digo, contra o Náutico.
Estou invocado com as derrotas para esse time bicolor. É urgente uma goleada, para acabar com essa frescurite!
Tá na hora, por sinal, de a torcida coral criar vergonha e pegar de novo o endereço do Arruda.
Ficar só reclamando, pedindo contratação, vaiando, não leva a gente pra canto nenhum. Temos é que voltar a encher o nosso estádio!
A única galera que continua firme e forte, mesmo que chova ácido sulfúrico no Arruda, é a turma invocada do Portão 10.
Até breve.

O perigo de ver jogos na TV…

Diretamente de Fortaleza, no Ceará.

Amigos corais, a sorte é que não tenho TV a cabo em casa. Graças a isso, escapo de muitos sofrimentos.
Mas aqui estou, na casa da minha tia Beta, em Fortaleza. Para minha profunda angústia futebolística, a TV a cabo transmite e retransmite inúmeros jogos do futebol brasileiro..
Isso tem me dado enormes insônias.
Ontem mesmo, com o ventilador no três ao lado, vi o tape completo jogo Grêmio x Inter, pela Liga Sul-Minas, creio, num Olímpico lotado.
Primeiro, a inveja do estádio lotado, a torcida cantando a plenos pulmões. Nossa massa coral está com Chikungunya.
Depois, o jogo.
Que partidaça, meu Deus! Quanta rapidez no toque de bola. Quantos lançamentos. Quantas jogadas a mil por hora, dribles, cruzamentos na área, chutes sensacionais, defesas incríveis.
Com 20 minutos de jogo, estava difícil escolher o melhor lance.
Cada menino novo com personalidade, tocando a bola, marcando.
Lateral era disputado a tapa. Não fosse o juiz, teríamos fraturas expostas, jogadores sangrando a cada três minutos.
E lá pelas tantas, a pergunta fatal: Inter e Grêmio estão na Série A?
Glub. Sim.
Desde nosso lamentável jogo contra a Coisa, digo, contra o Sport, na Ilha, fiquei com a pulga dentro da orelha. Sei que o Campeonato Brasileiro ainda não começou, mas ainda não temos um time competitivo. O que temos agora nem cheira aquele time compacto e intenso da reta final da Série B do ano passado.
A cada jogo que assisto, de times da Série A, só me ocorre algo – precisamos trabalhar 48 horas por dia, contratar, contratar e contratar.
Por precaução, quando começar a passar esses jogos, vou mudar o canal para ver filmes.
Pode ser até de guerra, mas o sofrimento é menor.

Só a doidice, para espantar a morgação desse início de temporada…

Amigos corais, confesso que ainda não estou entendendo muito bem este começo de ano. Está, no mínimo, esquisito.
Esse clima de chikungunya parece que ataca não só quem foi picado pelo mosquito, mas fica uma morgação no ar.

Vamos repassar um filminho.
2015
O Santa começou 2015 aquele farrapo humano. Devendo umas folhas, sem Copa do Brasil, sem Copa do Nordeste, iria lutar para ver se o ano daria pelo menos a graça de umas vitórias importantes. O mais otimista já tinha feito 12 promessas, uma para cada santo. E de novo, nós na B.
O fato é que engatamos uma primeira e conseguimos o Estadual (com Ricardinho e tudo).
Depois, a série B foi se arrastando, até que o time pegou na veia, começou a ganhar e chegamos à última rodada já na classificado para a série A.
Dá para acreditar nisso?
Só tinha craque
O Santa virou o ano renovando com todo mundo que se destacou. Do segurança ao lavador de carro, todo mundo foi sondado, bem tratado, cafeziho, tira-gosto etc. Tininho, nosso bravo diretor de Futebol, cortou até mais o cabelo para deixar as orelhas livres. Eram 754 ligações por dia. Todo mundo que subiu com o Santa virou craque. Salário de R$ 50 mil parecia coisa de indigente. R$ 30 mil era tratado como esmola. Os empresários tratavam o Arruda como uma nova Meca, uma Serra Pelada cheia de diamantes. Martelotte parecia ter trabalhado a vida inteira com Telê Santana, de tanto enrosco que foi a renovação.
Mas o fato é que houve um trabalho imenso nos bastidores e o Santa garantiu a renovação de João Paulo, o craque do ano passado, e o time da B quase todo. Eu mesmo achei esta operação um milagres. Só se desgarrou mesmo Luizinho, e perdemos aquela jogada mortal pela linha de fundo, cruzada.
Sem liga
E então, o que está acontecendo?
Por enquanto, nada de muito interessante.
Tirando o primeiro tempo fantástico contra o Bahia, o restante dos jogos está com aquele gosto de cerveja morna (ou de sopa fria).
O time ainda não deu liga. A barbie já fez sua graça, os rubronegros também.
O treinador está visivelmente fora de forma técnica (a escalação de Renatonho contra o time da Ilha foi um exemplo).
Até a torcida está meio enfadada.
São essas coisas inexplicáveis do futebol. Se o Santa estivesse na pindaíba, à beira do abismo, o Arruda estaria entupido até a borda.
Mas estamos na Série A, na Copa do Nordeste, do Brasil, e no Estadual.
Está tudo tão maluco, que o atacante coral que comemora fazendo continência, postou no Twitter que jogou no sacrifício, porque estava com diarréia (pelo menos foi o que me disse um amigo, há pouco).
Fiqui pensando nisso – como deve ficar a cabeça do sujeito, dentro do campo, e pensando o tempo todo no troninho?

A única coisa que me anima é que esse Santa Cruz é um time e uma torcida de doidos.
Daqui a pouco, num desses jogos importantes, o time se invoca, joga bonito, encanta a torcida, pega o embalo e desarna.
Aí a torcida também fica muito doida, começa a brincar de encher o estádio, de empurrar o time, e fica todo mundo preocupado:
“Lá vêm esses malucos do Santa Cruz de novo”.

E todo mundo sabe disso – doido ninguém segura. E na torcida do Santa tem de tuia.

O mosquito, as provas, tudo agora é desculpa…

Amigos corais, liguei para Naná, da Kombi Coral, para saber o horário da saída do referido veículo para o Arrudão.
“Rapaz, tô fudido, cheio de dores, foi a Chikungunha”, disse.
Está de molho. Não vai ao jogo.
Júlio Vilanova, do Cordas e Retalhos e dezenas de outros blocos, professor da UFRPE, já antecipou que está “cheio de provas para corrigir”, orientações as mais diversas, aulas etc.
O mais estranho é que as aulas começaram agora, e ele já está lotado de provas.
O senhor Inácio França fechou um negócio da China – comprou uma terrinha em Ouricuri, onde pretende fazer sua chácara para passar os finais de semana. Viajou ontem para dar a primeira capinada no terreno, retornando somente somente na segunda-feira.
Nunca vi tanta desculpa esfarrapada.
O professor Marçal, um amigo novo que é tricolor pacas, está de ressaca desde a sexta passada.
Só confirmaram presença, até agora, Gerrá Lima e o senhor Esequias Pierre. Os dois pretendem tomar umas num espetinho e de lá, seguir para o Arruda.
Se bobear, seremos apenas três no estádio. Esequias na geral, eu na arquibancada, e Gerrá nas sociais.
Quem entende essa torcida?

A velha Kombi Coral, 16 anos depois, vai ganhar “Versão Série A” domingo, no Poço da Panela

Amigos corais, neste domingo, a partir das 10h01, teremos um fato histórico.
O sehor Evaldo Gomes de Moura, (este da foto), vulgo Naná, vai festejar a aposentadoria da velha Kombi Coral, que completou 16 anos dia 3 de fevereiro.
São 499 jogos, num caderninho que Naná guarda com todo carinho.
Tem todos os jogos, estádios, lotação da Kombi etc.
Como embaram na Kombi uma média de 15 pessoas por jogo, Naná deve ter levado cerca de 7.500 torcedores aos estádios da Região Metropolitana do Recife.
“Não dava mais. A bichinha está toda enferrujada, quebra direto. Também é foda. Ela está acompanhado o Santa desde 2000. Viu de tudo. Subimos, descemos, acabamos na pior, com a Série D, mas nunca falhou. Encerrou a carreira campeã estadual e na Série A”, diz Naná.  A nova, na verdade, é uma seminova, que Naná comprou de um amigo com um desconto.
“Não é que a bicha ficou pronta às vésperas do jogo na Ilha? De lá, só temos boas notícias”, comemora.
A seminova vai se inaugurada com amigos e todos os que quiserem “chegar junto”, para matar saudades das viagens malucas. Kombeiros históricos, como K2, Jota Peruca e vários outros forasteiros, estão sendo convidados.
“A partir das 10h vamos estar na frente da Sede para uma farra, tirar fotos, depois ver quantos vão caber na nova”.
Naná vai botar o panelão no fogo e quem quiser incrementar, é só chegar junto.
“Chegar junto” quer dizer o seguinte: quem quiser levar um tira-gosto, um pedaço de carne para botar no panelão, uma bebidinha, pode ficar à vontade. Se for cerveja, leve gelada.
Visivelmente emocionado, Naná diz que não imaginava ter feito tantas viagens assim.
“Só depois, com a ajuda de Seu Vital, que foi somando, é que fui vendo que foi muita quilometragem pelo Santa”, comemora.
Depois de “esquentar”, o Kombão Coral seguirá para a Ilha do Retiro.
“Como tem a Lei Seca e é bom ficar esperto, chamei meu primo, Boy, que não bebe, e ele vai dirigindo”.
Naná tem um sonho para este domingo.
“Seria a coisa mais maravilhosa se a Sanfona Coral desse uma palhinha, e se a “Moça Coral” viesse, usando a faixa. Mas eu sei que se ficar nublado, Xiló fica preocupado com resfriado, vamos ver se a Moça Coral vem”, disse.
Consultado sobre um possível “pocket-show”, o zabumbeiro Gerrá ficou invocado.
“Se for tocar para a massa coral em homenagem à Kombi, nós vamos. Agora, esse negócio de pocket-show é muita frescura!”.
O Blog do Santinha, que já fez várias matérias sobre o Kombão Coral, deseja muita sorte a Naná em seu novo veículo de lazer coral e de trabalho.

Serviço
16 anos da Kombi Coral
Local: A “Sede”, no Poço da Panela (próximo á venda de Seu Vital).
uando: Domingo que vem
Horário: 10h01
Colaboração: Leve o que quiser para beber ou ajudar no “Panelão de Naná”.
Crianças com menos de 7 anos, só acompanhada do pai ou responsável.

Ps. Eu estava certo, na postagem passada. Grafite não cortou o supercílio, como afirmou a crônica desportiva, mas a cabeça. Vi o esparadrapo. Impossível o sujeito ter um supercílio que vai até o cocoruto.